O RELATIVISMO MORAL

O RELATIVISMO MORAL ENVENENA OS DIREITOS NATURAIS

       Nas ordenações episcopais da última Epifania, Bento XVI afirmou que o relativismo já penetrou em muitos gânglios da sociedade ocidental, envenenando "os seus primeiros princípios", ou seja, os direitos naturais que deveriam nortear, independentemente de culturas ou religiões, as consciências dos indivíduos e das comunidades civis. Esta é a única maneira de educar a pessoa e a sociedade civil como resposta à verdade antropológica na sua dignidade natural.
       Entre esses princípios está o matrimônio, que só é tal entre homem e mulher. Outras "alquimias" não podem ser chamadas de matrimônio sem comprometer a natureza do casamento em si. Esta posição clara não pode ser desfigurada a ponto de ser confundida com homofobia.
       A Igreja católica não marginaliza os homossexuais como pessoas, mas diz que a homossexualidade é uma desordem. Existe um documento da Igreja católica para a pastoral dirigida a esses cristãos, que, como tais, têm direitos e deveres na Igreja e na sociedade, conformes à ética que incorpora os direitos naturais e a moralidade cristã.
       Sobre as dificuldades matrimoniais, é de recordar-se que a Conferência Episcopal Italiana, já faz algum tempo, indicou no Diretório da Família, com destaque, a atenção pastoral que deve sempre acompanhar o trabalho da Igreja. É preciso dizer, no entanto, que a Igreja não é "dona dos sacramentos", mas fiel guardiã da vontade positiva de Cristo. Se negligenciasse este papel, ela minaria a eficácia dos sacramentos.
       O mesmo se aplica ao ministério ordenado para as mulheres. O divisor de águas é sempre a vontade de Cristo. Não se trata de um discurso sociológico. É simplesmente o critério relacionado com o que Cristo transmitiu.
       Seguindo a Cristo há muitas mulheres. Foi a uma mulher que ele confiou o anúncio da pedra angular do cristianismo, que é a ressurreição. Mas apenas aos doze apóstolos ele deu o "ministério ordenado", dizendo, na Última Ceia: "Fazei isto em memória de mim".
Desde o nascimento das primeiras comunidades cristãs, quem preside a eucaristia e guia a comunidade é um apóstolo ou um discípulo. É claro que há também a diaconisa mencionada por Paulo na carta aos romanos, mas não como responsável pela comunidade. Nunca, nem a Igreja ortodoxa nem a latina tiveram um ministério ordenado diferente daquele dos primeiros séculos. E isto não se deve apenas a motivos culturais ligados àquele tempo. Sobre estas questões, a Igreja católica se questionou várias vezes desde o Concílio Vaticano II até o último Sínodo dos Bispos, em outubro passado. Dizer não, por causa da verdade objetiva, não é má vontade, como tampouco seria falta de sensibilidade tirar de alguém um objeto perigoso.
       A Igreja católica, em seu magistério ordinário e extraordinário, não pode deixar de ser fiel ao seu Senhor, na atenção aos sinais dos tempos que, como dizia o papa João XXIII e o próprio concílio, desafiam a pastoral da Igreja, mas não podem mudar a sua doutrina. O que cada pastor deve considerar é este sábio adágio latino: Amicus Plato sed magis amica veritas.


Vigário de Trieste para Laicato e Cultura explica por que a Igreja Católica é fiel ao Magistério - Por Dom Ettore Malnati



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