ESTAR COM JESUS
Desde o início da vida da Igreja, os discípulos celebravam a “fração do pão” (At 2,42). Com o tempo a celebração do Corpo e do Sangue do Senhor passou a ser chamada de Eucaristia, que quer dizer "ação de graças", por ser exatamente o momento privilegiado de se agradecer ao Senhor tudo o quanto Ele fez e faz pela nossa salvação. É nesta celebração que se manifesta todo o amor e toda a misericórdia do Senhor para conosco. Sobre o altar renova-se o sacrifício do Calvário; isto é, a imolação de Jesus pelo resgate da sua criatura amada. Na santa Missa, a mesma paixão, morte e ressurreição do Senhor, renovam-se; isto é; tornam-se presentes, para que cada um de nós possa receber as suas abundantes graças. As ações de Jesus são teândricas, isto é, humanas e divinas ao mesmo tempo, eternas, e, por isso, hoje, na Eucaristia celebrada, podemos viver a mesma paixão do Senhor. Na missa o Calvário se faz presente; o mesmo Calvário, não uma repetição. Todo o mistério da nossa Redenção se faz presente, vivo, sobre o altar, de maneira incruenta, para que, por ele, o mundo continue a ser salvo. É a celebração máxima do amor de Deus por nós. Mas, tem mais, no seu amor indizível por cada um de nós, o Senhor quis ficar conosco, com a mesma glória que está nos céus; na espécie do pão vem a nós para ser o Alimento e o Remédio da nossa alma. O amor exige que o amado esteja junto, em comunhão, com a criatura amada. Nada dói mais no Amado que estar separado da sua amada. Nada dói mais no coração do Senhor do que estar longe de nós. O coração de Jesus sofre da doença chamada amor. A sua maior agonia é a carência do amor das suas criaturas. Foi exatamente isto que Jesus revelou a santa Margarida Alacoque em 1673. Santa Teresinha dizia: “O Amor não é amado”. Pois bem, Jesus vem a nós na Eucaristia, sedento de amor; mas, muitas vezes o recebemos tão mal! Muitos, nem mesmo fazem a “ação de graças” após a Comunhão. Nem mesmo dez minutos reservamos para “ ficar com o Senhor ” que vem à nossa morada. Não temos tempo nem de receber as graças que Ele quer nos dar... Logo que comungamos, já saimos da igreja, ficamos conversando, cantando, às vezes músicas barulhentas ... e até esquecemos que o Senhor da glória “hospeda-se” em nós. Que maus hospedeiros nós somos ! S. Teresa D’Ávila dizia que: “Jesus é um hóspede que paga muito bem a boa hospedagem que lhe oferecemos, pois ele continua a dizer-nos que 'a raposa tem suas tocas e as aves dos céus seus ninhos, mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça'." Na Comunhão é o momento de oferecer o nosso coração para nele o Senhor repousar. É a hora privilegiada de ir a Ele que nos chama: “Vinde a mim vós todos que estais aflitos e cansados, e Eu vos aliviarei ...” (Mt 11,28). É a hora de “ estar com o Senhor ”, sem pressa... É o momento de "abraçá-Lo", de satisfazer o seu amor por nós, de desagravar-lhe o coração tão ofendido pelos sacrilégios, ofensas e indiferenças que recebe. É a hora irresistível de invocar a sua misericórdia infinita para perdoar os nossos pecados, para salvar a todos os agonizantes e pecadores, e sufragar com o Seu Sangue as almas todas do purgatório. É a hora de pedir-lhe pelas necessidades da Igreja, do Papa, do nosso Bispo, do Clero, das vocações, da família, dos filhos, dos parentes, dos amigos e de todos que se recomendaram às nossas orações. É o momento privilegiado do Senhor curar a nossa alma, de fazer morrer em nós as raízes das ervas daninhas, os vícios capitais (soberba, ganância, luxúria, gula, ira, inveja, preguiça). É a hora de apresentar ao Divino médico as feridas da nossa alma. Enfim... é a “ hora da graça ”. Mas, infelizmente, a deixamos passar ... temos pressa para as coisas do mundo. O nosso amor ao mundo ainda é maior que o nosso amor ao Senhor. Mas Ele é paciente... e continuará "sofrendo de amor” por nós e a nos esperar. Após a comunhão é preciso “estar com o Senhor”, sem pressa, no silêncio e na “ação de graças”. O céu se faz presente em nossa alma neste momento, é preciso vivê-lo. Santa Teresa dizia que "onde está a Majestade , está toda a Corte". Junto com os Anjos e Santos, em nossa alma, demos graças ao Rei.

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