O Papa e a acolhida pelos muçulmanos





Comentário do cardeal Tarcisio Bertone, secretário de Estado do Vaticano


O discurso do Papa Bento XVI ao mundo da cultura foi «bem acolhido» pelos muçulmanos presentes no Colégio dos Bernardinos.
Em uma declaração publicada pelo jornal L’Osservatore Romano, o secretário de Estado vaticano afirmou que o Papa, em seu discurso, «nos convidou a nos colocarmos diante da Palavra em atitude de escuta, inclusive de veneração, e com a intenção de deixar-nos transformar por essa Palavra para poder depois atuar segundo ela».
«Portanto, Palavra e trabalho, a obra de Deus e a obra do homem, comentou. Uma lição superlativa que voa alto.»
«Talvez isso os tenha surpreendido um pouco – observou –, porque quiçá todos esperavam que o Papa falasse de fé, razão e cultura, ou também de política.»
E contudo, afirmou o purpurado, «o Papa foi muito além. Olhando para os que escutavam, tive a sensação de que havia uma separação clara entre quem o escutava quase extasiado e quem o escutava com a típica expressão de quem ficou fora do jogo e se sente confundido».
«O Papa – explicou – falou da Palavra, da Sagrada Escritura, do livro dos cristãos, que certamente não é o livro dos muçulmanos. E, contudo, creio que os representantes da comunidade muçulmana o acompanharam com muito interesse.»
«Notei, por exemplo, que compartilharam abertamente o convite do Papa a buscar Deus. Nisso não pensam diferente de nós, pelo contrário: pode ser um ponto de contato.»
«Posso dizer que, quando, no final do encontro, o Papa se entreteve com eles e intercambiou algumas palavras com cada um durante as saudações, pude escutar expressões de consenso», acrescentou.
«Estavam muito contentes e se congratulavam com o Papa. Portanto, acho que ficaram satisfeitos»,
concluiu o cardeal Bertone.




LOURDES, terça-feira, 16 de setembro de 2008

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